sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mestre,

"Cinco idiotas passavam por uma aldeia. Quando as pessoas os viram, ficaram surpresas, pois carregavam um barco acima da cabeça. Era um barco grande e os cinco estavam quase morrendo sob seu peso. Perguntaram a eles:
- O que vocês estão fazendo?
Eles responderam:
- Não podemos abandonar o barco. Este barco nos ajudou a vir da outra margem até esta. Como poderíamos deixá-lo? Por causa dele conseguimos chegar até aqui. Sem ele, teríamos morrido na outra margem. Já era quase noite e apareceram animais selvagens na outra margem; com certeza já estaríamos mortos agora. Nunca abandonaremos este barco, pois temos uma dívida eterna com ele. Vamos levá-lo sempre sobre nossas cabeças em total gratidão."
Osho, Meditação.

Não me ensineis a ler, não quero ser ensinada. Não digo que sei tudo, nem nego que tendes conhecimento. Meu orgulho não vai tão longe a ponto de me cegar para tudo que podeis me transmitir. Mas não quero que me transmitais nada além de vontade e sugestões. Vosso método não me interessa. Se for aprender, aprenderei de mim. Eu leio, eu penso, eu vejo. Se estiver vendo a coisa errada, eu pagarei meu erro, mas tudo será meu e de mim. E isso me fará crescer. Passai-me a luz, mas não me deixeis perceber. Fazei de um modo que eu sinta o saber em mim e não saiba dizer de onde veio. Enganai-me. É só o que vos peço. Dai-me, por gentileza, o prazer de poder pensar que aprender é milagre.
Não deixeis, de forma alguma, de ensinar aos outros objetivamente. O caso é meu e só. Já dispenso meu barco, dai-o a quem precisa agora. O tempo de andar de mãos dadas passou; agora caminho sozinha. Peço apenas que fiqueis a postos, porque eu vos chamarei se cair ou se parar sem poder escolher por onde seguir. Não digo que pedirei ajuda se me perder, pois perdida sempre estou. Se algum dia me encontrar, perco o sentido da procura e de que adiantaria seguir então? Fujo do meu centro de propósito, para poder conhecer o máximo de minha periferia. Toco meu total ocasionalmente – reflexos, flashes – mas volto rápido para segmentos de mim. Não, ainda não me interessa me ter em total consciência. Por enquanto, a simples certeza de saber que sou total e inteira dentro de mim me basta.
Portanto, peço: não me tireis isso. Não me tireis o direito de descobrir sozinha. De me descobrir sozinha. De ler sozinha. De me ler sozinha. Porque tudo que leio é eu.
Meu respeito e minha admiração por vós não acaba.
Grata.

6 comentários:

  1. Quanta resistência!

    (eu não sabia o que comentar)

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  2. Clara, se você for pensar, muitos comentários são parecidos com seu jeito de escrever. Quando a lemos, quando a aprendemos, somos inevitavelmente contagiados por você. Mesmo que não possamos te ensinar, com você podemos ser ensinados. Isso é muito bom.
    Eu gosto. :)

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  3. Claritcha, a desbravadoura de contos!
    ;D

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  4. ai, sua irma se parece muito com voce, até na maneira de escrever .-. Vocês falao coisas bonitas e que varias vezes sao verdades .-.

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  5. Caramba minha netinha. Você cresceu depressa.Assim não consigo acompanhar. Não conto mais histórias com aquele final de sempre.

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