sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sopavisá

Estamos em recesso, por livre e espontânea pressão. Escola tá tenso, amizade.
Mas a gente volta, ok? :)

domingo, 11 de outubro de 2009

Idéias Claras. - Quatro.



Ella - diz:
é...
o blog tem te feito bem, né?
Eu - diz:
bastante
meu avô leu os últimos posts e perguntou pra mamãe se eu não tava ficando maluca x]
hauhauhau
Ella - diz:
acho que sua família está te conhecendo mais
Eu - diz:
as pessoas se assustam de ver outra por dentro
Ella - diz:
na verdade sinto que muita gente conhece vc mto pouco
foi dificil começar a mostrar?
Eu - diz:
pra falar a verdade, eu não sei nem o quanto eu me conheço
acho que me conheço bastante, mas não falo pra mim que conheço x]
não quero ver ou nao consigo, sei lá
difícil? não, falar de mim é muito fácil
complicado é saber o que falar e o medo de estar falando inverdades x]
Ella - diz:
estranho como sinto coisas parecidas com as que vc sente
Eu - diz:
acho que todo mundo sente
quem se conhece? quem sabe viver?
Ella - diz:
a ignorância facilita a vida de muita gente
Eu - diz:
muito
é muito mais simples não saber de nada
é muito menos denso
Ella - diz:
é muito mais fácil
vc vive por viver
vc leva por levar
vai passando por tudo
Eu - diz:
mas isso é viver?
ou existir?
Ella - diz:
acho que existir
Eu - diz:
viver complica demais a vida da gente
Eu - diz:
e ainda assim, tanta gente tem tanta vontade de viver...


(...)


Ella - diz:
estou aqui, ficando com uma pessoa legal, que gosta de mim...
deve ser o certo
Ella - diz:
mas e aí?
só sinto medo, nada além de um medo que me machuca todo dia
Eu - diz:
exato!
muito medo, o tempo todo
por mais que seja legal, por mais que pareça certo
ainda tem muito medo
eu li as coisas que eu escrevi...
cara
é incrível
Ella - diz:
as vezes acordo e me levanto... só pelo futuro
Ella - diz:
as vezes me pego vivendo só pelo futuro, pensando que vai passar
onde ficou o meu presente?
uma mera ponte desesperada pro futuro?


(...)


Ella- diz:
o passado eu tenho que esconder de mim mesma
ele dói, parte pela saudade
parte por saber que é PASSADO
viver sonhando num futuro diferente... será que isso é certo?
Eu - diz:
será que isso funciona?
e como fazer pra não ser só futuro?
Ella - diz:
e se o futuro não for esse sonho lindo, vou morrer de frustração?
Eu - diz:
e se for só o sonho?
cara
a questão é saber transformar futuro em presente
Ella - diz:
será que alguém chega no futuro fazendo o presente só de ponte ou morre ainda pensando em futuro...
Eu - diz:
não a gente.
cara, tô cansada de ter medo
Ella - diz:
a gente tem tanta coisa dentro de si, parece uma bomba pronta pra explodir
Eu - diz:
muito cansada mesmo
Ella - diz:
é tanta coisa, e tanta coisa boa também
Eu - diz:
pois é
e quando eu paro pra analisar, tem vezes que tudo parece tão simples
que eu que complico, sabe
e se eu simplesmente decidir que nada é complicado?
se eu simplesmente apagar a preocupação?
Ella - diz:
por que somos tão complicadas?
Eu - diz:
porque eu sinto que, de verdade, nao é difícil
nao tem que ser.
entao é só nao ser
acho que vou fazer isso.
sério.
vou parar de complicar.
e pronto.
parar de ter medo, já chega
Ella - diz:
se vc for fazer, acho que tento contigo
Eu - diz:
há três, quatro meses, eu não tinha medo
não tinha medo de me jogar, de começar coisas, de fazer as coisas
nao sentia vontade de pensar no que viria, porque viria de um jeito ou de outro
o que vai vir, virá de qualquer jeito, mesmo se a gente não ficar pensando
entao não é muito melhor não se preocupar e só viver?
e repare que eu disse viver, e não existir
viver não é só complicaçao
não tem que ser
do mesmo modo que despreocupação não é só existir
vamos fazer isso?
Ella - diz:
acho que temos...
e se algo não der certo
vai nos restar aceitar e tentar tudo de novo
Eu - diz:
isso
Ella - diz:
como quem liga pouco
como quem vê nisso... o normal de todo ser humano
Eu - diz:
não, não como quem liga pouco, como quem aceita.
isso, como quem vê que é normal.
que acontece
Ella - diz:
e que vai acontecer mais e mais
até que pare
Eu - diz:
mas não deixando, mesmo assim, de amar livremente
Ella - diz:
amar bem mais se possivel, ou ao menos demonstrar mais o gostar
mas sem dor
Eu - diz:
isso.
e se a dor vier, que seja aceita. mas por tempo limitado.
não deixar a dor ficar mais que o necessário
rejeitar a dor também não funciona, faz tudo dentro ficar dormente
rejeitar dor é rejeitar amor um pouco...
Ella - diz:
não é como todos dizem? a gente namora vários...

Eu - diz:
huahau, pois é
mas não sair namorando todo mundo
é só saber que não tem medo disso.
não precisamos mostrar nada pra ninguém
só pra gente.
Ella - diz:
isso...
Eu - diz:
as pessoas que tirem suas conclusões
nós vamos ser felizes =)
Ella - diz:
acho que começar um namoro amando fervorosamente... é mesmo dificil
Eu - diz:
sim, é. E ninguém espera isso da gente
Ella - diz:
acho que podemos tentar construir
Ella - diz:
pq isso vir, assim de graça... duvido...
Eu - diz:
sabe o que eu acho?
que a gente exige muito de nós mesmas.
muito mesmo.
de nós e do mundo.
Ella - diz:
de cada pessoa próxima...
Eu - diz:
de tudo
Ella - diz:
as vezes nos amam, só não da mesma forma
ou com as mesmas expressões
demonstrações...
Eu - diz:
pois é
o amor é muitos
(concordância proposital)
Ella - diz:
o amor é muita coisa mesmo
e a gente entende pouco dele
pouco do que ele é para os outros
Eu - diz:
pouco do que ele é pra gente
só fui ver o quanto eu gostava do (nome agora vazio) quando acabou
acho que nada nunca doeu tanto
Ella - diz:
amor passa?
Eu - diz:
li minhas coisas da época dele e vi tanto... Tanto que eu nao percebia. era muito maior que eu imaginava
Ella - diz:
espero que sim, que fique só aquela gotinha de amor lá dentro, no fundo, coberta por lembrança
Eu - diz:
"o amor não é um sentimento, é uma habilidade"
O Amor nao acaba =)
e isso não é ruim
Ella - diz:
mas amar aquele que nunca mais estará ali para sempre?
isso precisa parar de me doer
Eu - diz:
minha mãe escreveu uma coisa tão bonita pra mim quando eu tava mal por ter terminado
vou pegar
Ella - diz:
ok
Eu - diz:
aqui:
(Aqui vai o texto mais lindo escrito por minha mãe para mim até agora. Perdoem, mas não vou dividi-lo com vocês. É algo puro demais e meu demais. Imaginem algo belo, algo que te erga, algo que te faça enxugar as lágrimas, ao mesmo tempo em que novas lágrimas - dessa vez, de felicidade - surgem. Isso que foi esse texto pra mim. Essa carta, essa oração, que eu ainda hoje pego quando lembranças daquela época me alcançam. Imaginem amor puro escrito, pois minha mãe escreveu Amor, amor por mim.)

Ella- diz:
oooh, que lindo
Eu - diz:
e no começo ela botou aquela frase: ''o amor nao é um SENTIMENTO, é uma HABILIDADE, é um DOM"
Ella - diz:
muito, muito bonito
e deve ser mesmo isso
Eu - diz:
deve ser







É... deve ser.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ulakapata. - Um.


Tenho cinqüenta mil histórias inacabadas. Tenho vários personagens não-construídos, mas que esperam para nascer. Tenho incontáveis palavras a serem usadas. Tenho mil frases de efeito e orações pensadas. Coleciono enredos para livros. Ambientes de contos me vêm o tempo todo. Vivo em meio um incessante fluxo de idéias que não são. Meus estudos não rendem, meus trabalhos não continuam, minhas conversas perdem o foco, meus relacionamentos perdem o sentido, minha vida perde o vigor de ser – contudo, continuo existindo - , meus amores perdem a vontade, minhas amizades perdem o contato, meus projetos perdem a finalidade, meus ônibus perdem meu ponto, minhas receitas desandam, minhas frases param no meio, meus apoios desistem de mim, minhas chances não são aproveitadas, minhas indiretas são mal interpretadas, minhas diretas são negadas, minhas vontades são ignoradas (ou pior: entendidas), minha dor pouco some, minha alegria se dá superficialmente, minha solidão é acompanhada, minha companhia é só de mim, sei de pouco, falo demais, vivo frustrada por perceber que o cada um tem para viver é a própria vida, ando torto e troco rimas e, enquanto ia contra o vento, de passo curto e trocado, na rua cheirando ao carrinho de flor que já ia longe espalhando sumo de rosa e margarida no chão brilhante do sol, ele me passou, carregando um monte de si. Quando olhei em seus olhos, me assustei com o quanto que ele era. Nunca havia visto ninguém se ser tão sem pudor, tão sem tentar esconder. A mim - que na minha vontade tão forte de me ser inteira, já mostrava timidamente uma pequena parte de mim no meu olhar de brilho mudo - aquele olhar trouxe espanto ao brilhar tão forte e tão de cima, com tanta verdade e clareza sobre seu senhor. Eram olhos que diziam um perfume. Respirei bem fundo e entrou em mim todo o cheiro de certeza que emanava dele. E veio canela com limão e lavanda e café e flor e menta e incenso e fruta e sol e mato e água. Eu senti o cheiro da água. E do sol. E de tudo misturado e tudo nele, como era para ser. Como só podia ser. E podia ser porque era ele.

E ali eu entendi que tinha uma história. E que a minha história não era mais só minha, porque eu mesma não era mais só minha. Ao passar por aquela pessoa e cruzar com o olhar mais real que já tinha visto, eu automaticamente me doei. Dividi-me. Foi ali que me veio a primeira certeza: Eu era. Depois de anos, depois de centenas de cartas a mim tentando me achar, eu me estabeleci. Eu era. Eu sem dúvida era, porque eu já tinha uma segunda certeza: Eu era dele. Eu era daquele ser, eu possuía àquele olhar. Com todos os meus defeitos, com tudo meu que era incompleto, com tudo que havia por terminar, eu pertencia a alguém. E esse alguém não precisou sequer me aceitar, pois no exato instante em que nos vimos, já nos pertencíamos. Não era algo a ser aceito ou não: Era, somente, como o vento é e a terra é. Uma certeza tão forte se estabeleceu onde sempre esteve e éramos juntos. Nós três: eu, ele, e nossa certeza - que ele só sabia que existia justamente por existir – de que estávamos dentro um do outro e de lá não sairíamos. Nos levamos para casa. Parei no meio da rua e fiquei acompanhando-o com o olhar enquanto ia certo por uma colorida galeria. Não me preocupei em segui-lo. Sabia que não precisava.

Cheguei ao meu apartamento sozinha de corpo, mas há muito já havia entendido que jamais estaria completamente só. “Tenho alguém que me tem também, que me é e que me quer ao mesmo tempo em que eu o sou e o quero”. Passei alguns minutos deitada no chão da sala, absorvendo minha nova - e permanente – situação de maravilhoso e certo amor. Até que virei os olhos para olhar a janela e avistei minha estante. Uma das prateleiras estava totalmente preenchida por rascunhos, um mar de coisas interrompidas e não continuadas. Foi então que eu percebi a história que tinha nas mãos e a delicadeza de sua situação. Acabara de nascer – ou sempre estivera lá, ainda não havia me decidido – e já carregava o peso de ser responsável por todas as outras histórias, pelo resto de minha vida. Tudo derivaria dela, pois ela já era meu tudo. Olhei de novo o incompleto de minha vida que me encarava desafiador da estante. Senti vergonha pela falta de continuidade e medo pela nova tarefa que brotara em mim.

Mas essa história eu vou terminar.


(Continua)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Absorve essa rabanada.

Olha, andei relendo os post e achei que o tom aqui tá muito sério. Resolvi usar esse espaço de agora para tratar de amenidades, simplesmente (ou atrocidades, como diria linda Tainá).
Aahn... por tópicos? Parece bom? Vá lá:

- Sábado foi a festa da Maria! Foi lindo, ela estava linda e eu fiz o MELHOR CERIMONIAL QUE QUALQUER UM VAI VER NA VIDA. Falei mal dos outros, ri, brinquei e falei coisas bonitas. Sou sensacional.

- Tô ferrada em matemática. Assim, ferrada mesmo. Pior que só o que eu preciso fazer é tomar vergonha na cara e estudar direito. A vida é dura e não é fácil a vida da bailarina.

- Meu Deus, eu TENHO que fazer um forno solar! Rápido, muito rápido. E o calendário tá tenso. Mas correremos atrás do prejuízo, porque o mundo é isso aí e não dá mole pra ninguém.

- Muito não liguei pras Olimpíadas no Rio de Janeiro.

- Acho muito bobo garotinha que quer ficar com os garotos mas não fica só pra não parecer fácil. Acho que se sente vontade tem que ficar. Falo mermo, joguei a polêmica. Absorve essa rabanada.

- Aaah, "absorve essa rabanada" é a gíria do momento. Tendência total. É o novo "chupa essa manga". Pode (e deve) ser usado da maneira correta ou não. Ou seja, liberdade total com a rabanada; a rabanada é sua e você usa aonde quiser.

- Computador atrasa a vida das pessoas de uma forma inigualável.

- Se eu começasse a escrever mais cedo, teria mais tempo pra dormir depois... Vou pensar mais nisso mais tarde.

- Textos em tópicos são muito mais divertidos de fazer.

- Não, não tomei nada que me deixasse alterada. Esse pensamento caótico é meu mesmo. Não se preocupem, no próximo post eu já devo voltar ao tom introspectivo de sempre. Só achei que vocês mereciam uma folga daquele meu lado. E, honestamente, eu merecia também. =)



(eu não sei, mas as outras pessoas também não sabem)

sábado, 3 de outubro de 2009

Não sou Lóri, mas por favor, ouça.


"Quando cogito escrever, penso talvez fazê-lo para ser-me um pouco menos. Escrever é como um transe, é como um não-existir. As palavras fluem sobre mim, mas não sou eu quem as controlo. Sou apenas um caminho, um local por onde elas possam fluir. Passam por mim arrepiando-me todo o corpo, e é nesse arrepio que existo.
Quando as palavras perpassam-me, sinto-me inteira. Elas fazem seu trabalho de preencher em mim tudo o que outrora havia de vazio. As palavras me são por pura incompetência minha em ser-me. Necessito, num desespero agudo, que elas estejam ao meu lado, para guiar-me e fazer-me existir.
Ao terminar de escrever, sinto um estranhamento fortíssimo, como se aquelas palavras não houvessem sido proferidas por mim. É necessário reler cada sentença infinitas vezes e acostumar-me com a maneira com que as palavras fluem, para em seguida perguntar humildemente se elas permitem que eu as torne parte de mim. Minhas palavras jamais me rejeitaram, e por isso eu as amo como não há amor nenhum no mundo. Meu amor pelas palavras não é 'eu te amo', é 'eu te sou'."

Palavras, Tainá Telles.




É que, Ulisses... Eu acho que estou crescendo. Depois de algo que me enervou, que me fez reagir de formas que não reagiria em tempos idos, percebi que agi certo. Que estava certa. E que após me ver transtornada em idéia clara, soube ir tratar da casa. Soube fazer o que devia ser feito. Eu fiz. Eu, a nova e reclamona. Eu, a contestadora e relaxada. Eu, a afastada e arrogante. Eu, a sabe-tudo desinteressada. Eu fiz o que havia de ser feito e fiz bem. Minha mente subitamente límpida com o calor da raiva e da indignação. Lavei, arrumei, limpei, liguei, busquei, dobrei, falei, ouvi, olhei. Ainda assim, percebi meu medo de fraquejar na hora da ida. Mas resisti. Surpreendentemente (ou nem tanto), permaneci estruturada. Mesmo com todos. Mesmo com palavras soltas no ar da noite. Quando as vi pairar, comecei loucamente a tentar me convencer de que não queria ouvi-las. Mas não queria mesmo. A lua era linda. Poeiras de fala não me abalavam. Mas o que eu penso, Ulisses, que mais me esfrega na cara a evolução de minha aprendizagem é que ao voltar, ao entrar sozinha, não senti raiva. Não senti frustração. Não senti arrependimento.
O que senti (e tenho certeza de que senti, pois não há como comparar isto, muito menos nomear de outra forma) foi um enorme e seguro amor. Um estado de profundo amor certo. Por tudo. Por todos. Por cada.
Mordo o lábio inferior, ponho a mão no queixo, lembro de líquen e o amor me vem diferente. O mesmo amor pelo mundo, com algo a mais. O amor que sempre me diz a mesma coisa: há cura. A cura existe e é perto. Ulisses, eu acho que posso ajudar. Jovem tem dessas idéias de achar que o mundo é um brinquedo de montar. Mas não é aO Mundo que me refiro. O que posso curar é Um Mundo. Por enquanto. Um mundo que pouco sabe, porque, afinal, outros também não sabem. Por enquanto. Um mundo que se souber ouvir saberá agir. Um mundo que - eu sei - , corre, corre, corre para absorver ao máximo cada segundo da felicidade, mas que tem que entender que a vida é feita de fatores, de pensamentos, de outros, de bases e, principalmente - PRINCIPALMENTE, por favor, não esqueça. Leia e entenda. Releia até entender. Saiba o que é. Defina o que é para você, porque a vida, a vida, a pura vida é feita de - amor! Puro amor! O amor primeiro, o amor cuja base não é construída, pois simplesmente é! Esse amor, meu mundo, esse amor faz tudo andar! (E quero tanto ver-te andar). Meu mundo, tens tudo que precisas. Saiba despojar-se do que vai pesar nos bolsos durante a caminhada. Veja o que te é necessário. Ponha na balança, meu mundo, e lembre-se que tudo que posso fazer por ti, eu faço. Quando não faço, é porque sinto que não faz parte de sua aprendizagem.
Quando somos jovens, fazemos as besteiras. Por sorte – e louvada bondade – quando somos jovens temos tempo para corrigi-las.
Ulisses... Acho que estou crescendo.