quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lixinho - Quatro.


Perdão por trazer quem lê para a inconstância que vem a seguir. Isto precisava ser escrito.




Começa a vir a frase de leve na última porta do canto mais distante da mente. Quase vem formando o parágrafo e Oi!, Oi! Pega água! Fecha a janela e tranca a porta! Arre, não dá pra ir embora? Silencia tudo de novo, parece que vai dar pra ir. Respira. Aparece a pontinha de uma palavra perfeita para começos e alarme! um alarme tocando! Por que tem um alarme?! Como pode ter um alarme?! Meu Deus, alguém cale a boca disso. Tá, parou. Acho que dá para continuar. Rápida e rasteira, tento voltar ao ponto inicial, lembro do início do texto planejado, está quase Por que será que é tão difícil todo mundo ficar em silêncio?! Qual é a dificuldade em me deixar escrever?! Juro, juro que só quero uma hora para mim. Uma hora! É muito? É injusto? Acho que eu mereço uma hora, considerando que é de conhecimento geral que se não escrever, explodo. Agora grita, falando comigo. Deus, pra que falar gritando? E o pior é que, mesmo agora que o diálogo parou, a gritaria é em mim, é dentro de mim, é o grito de tanta coisa que quer sair e não pode porque há outros que gritam mais alto.

Ah, que graça. Parei para esperar pelo santo silêncio que traria paz e escrita. Mas, que maravilha, ao calar do lado de fora calou tudo dentro. Ai, que inútil; justo agora! Justo agora, que seria A Hora de escrever. E porfavorporfavor não acordem. Por favor, não me mandem pra cama, porque só aqui eu sou inteira. Sonhar liberta? Quem disse isso? Quem pôde chegar a pensar que uma noite de sono traria mais conforto e mais liberdade que uma noite inundada em letras? Quem alguma vez duvidou que a sensação de ser tomado involuntariamente pela prova do cansaço do corpo físico poderia ser melhor que adentrar por um texto sem vontade de sair? Quem entendeu essa última frase? E por que eu entenderia se nem mesmo ME entendo e tudo que escrevo é eu? Quem se entende? Às vezes eu acho que me entendo, sim. Que me sei sim. E me sei bem demais, justamente por isso que me perco tanto. Da mesma forma que quando se repete muito uma palavra, ela fica estranha e perde o sentido. Clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, clara, fico repetindo e revendo e já não faço mais sentido para mim e já não me reconheço como eu e que faço aqui?

7 comentários:

  1. nossa genial!!!
    da pra se imaginar a cena, dando um charme muito bacana ao texto.

    ResponderExcluir
  2. Quando eu crescer eu quero escrever que nem vc.

    ResponderExcluir
  3. Faço minhas as palavras do cara de cima.

    "Aparece apontinha de uma palavra perfeita para começos e alarme! um alarme tocando! Por que tem um alarme?! Como pode ter um alarme?! Meu Deus, alguém cale a boca disso." - Parece um trecho de uma crônica do Veríssimo.

    ResponderExcluir
  4. "Quem alguma vez duvidou que a sensação de ser tomado involuntariamente pela prova do cansaço do corpo físico poderia ser melhor que adentrar por um texto sem vontade de sair? Quem entendeu essa última frase?"

    Por incrível que pareça: eu entendi.

    'cê escreve boniiiiiiito!

    ResponderExcluir
  5. "E o pior é que, mesmo agora que o diálogo parou, a gritaria é em mim, é dentro de mim, é o grito de tanta coisa que quer sair e não pode porque há outros que gritam mais alto."

    amei taaaaaaanto esse trechinho :) todos nós queremos ser que nem você quando crescermos :D vc é linda!

    ResponderExcluir
  6. É, muitas vezes escrever não é tão simples quanto parece.

    ResponderExcluir
  7. Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,Bufalo,BILL! BILL! BILL! BILL! BILL!

    É, também perde o sentido.

    ResponderExcluir