terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ah, E, Eu e Quem.

Ah, dê a volta na árvore pela esquerda, finja que vai encontrar algo novo e divino do outro lado. E encontre mesmo.

O que se encontra é o que se consegue trazer de dentro para fora. Quem constrói o que existe é quem tem alertas as trocas do um com o meio.

Ah, e eu quero um monte de coisa boa. Vou abrir a janela de manhã cedo para o sol entrar, olhar a luz chegando nova em tudo que acorda, respirar o primeiro ar, acordar só depois de ver o azul e sentir o mundo todo me abraçando. Quem sente o mundo abraçar, sabe abraçar de volta. E inspirar enche-te balão. Quer saber fazer? Eu não. Está tudo feito. Eu quero viver junto.

Ah, e eu quero descer as escadas para sentir que subi. Quem vai me botar onde eu quero sou eu. E ir direto pisar na grama e olhar direto para o Sol. E no momento, naquele momento de fronteira em que a luz entra demais nos olhos, fechá-los e deitar. E, no escuro, várias bolas de fogo aparecerão, porque o que é brilhante marca.

Estender a mão e sentir o mar acima da cabeça.

Quem pára, ajoelha-se e agarra o chão? Nunca? Eu já. Terra, areia, verde, rosa, vermelho, azul, cinza. Entra no que te carrega. Entra no que sustenta. Agarra como se fosse para agradecer. Eu agradeço. E arranho, pego, sinto, beijo, cheiro, me faço um com o solo. Poeira entrando embaixo da unha e dentro das narinas. Importa-se de carregar um pouco da Terra no próprio corpo? Eu não: ela carrega meu corpo com braços de mãe. Levo cada grão seu, se ela pedir.

Ah, eu quero andar na rua descalça. O vidro entra? O vidro entra, mas sai. E deixo de sentir a pedra, o quente, a folha, a lama, o rastro, só por causa do vidro? Ah, não.

Ah, vamos brincar de polir o mundo com os pés descalços? Eu vou para lá, você para cá. O mundo é redondo, ganha o que encontrar os olhos do outro primeiro. E depois que nos encontrarmos a regra muda: teremos de alisar o caminho para quem já cansou de encontrar pedra pontuda e vidro. Dois polindo, deve resolver rápido.

Ah, e quem disse? Acho que eu já disse uma vez também. Queria não ter que dizer. Quem inventa para mim uma linguagem só de sorrisos e olhares? Já inventaram? Então já posso começar a usar.

Ah, e eu quero abrir os olhos para tudo. Tudo é muito. Quero abrir os olhos do tamanho que meu coração abre. Quem já escreveu com tudo, tudo, tudo que tem dentro? Também vibra em outra intensidade e toca o céu com a mão? Tem vontade de chorar enquanto sorri? Ah, é que eu sim.

Um dia (que pode ser agora),

(Ah, é que o dia é do tamanho que você quer. Já tive dias de seis meses. Já tive de duas horas. Já tive de trinta minutos – que cada coisa que escrevo é um dia inteiro.)

Ah, e eu quero um dia que chega sempre. E encontrar um terreno com uma árvore no meio. Aí eu quero sentar encostada na árvore. E então eu quero chorar. Chorar muito, muito. Chorar de tanto sorrir e de tanto ser árvore. E de tanto ser chão. E de tanto ser céu. E de tanto ser flor. Ah, é tão bom ser! Ser o que há.

Alguém já viu uma estrela cadente? Eu já. Quem agradece por existir? Eu agradeço.

Minha linguagem dos sorrisos? Funciona. Que dizer quando se sorri apenas?

Quem acredita que eu estou sorrindo agora? E olhando. Ah, e eu quero dizer tudo que olhos e sorrisos dizem.

Ah, eu só sorrio.


(Depois dê a volta na árvore pela direita e diga o que encontra.)

5 comentários:

  1. Eu sorri =)
    E também faço minhas as suas palavras, eu não tenho mais como elogiar x]

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  2. Não foi bem isso que eu quis dizer lá... Mas tudo bem, fique com essa idéia na cabeça x)Obrigada por fazer parte das minhas estatísticas também =)

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  3. :)
    (faltava eu)
    (gosto muito desse)
    (te amo)
    :)

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